22.11.08

Jovens entrevistam o Grupo Entre Elas-Parte III

Celina Keppeler
Os jovens do Projeto Aroeira contam como foi entrevistar as meninas do grupo Entre Elas. Para alguns a primeira entrevista e para outros a primeira saída noturna. E para todos inclusive para mim uma experiência.

Lucas Abreu, aluno, chegou e foi logo registrar tudo o que acontecia na passagem de som do Entre Elas. Cristiane Lorenzete e Geane Rosa também fizeram suas primeiras fotos profissionais. Apos a passagem de som as meninas do Entre Elas sentaram com o pessoal do Aroeira e consederam uma entrevista, enquanto eu registrava o momento.

A educadora Celina Keppeler comenta o objetivo do curso de comunicação: "É fácil contar uma história para um amigo quando chegamos em casa. Contar para os pais como foi o nosso dia, relatar um fato inusitado que presenciamos no caminho de casa ou da escola. E se isso fosse virar notícia?".

Os alunos com este saída poderam transformar uma conversar com as meninas do Grupo só Entre Elas em uma matéria(notícia), que deve sair na revista Nossa Vez até o fim do ano. Mais uma vez a comunicação e o pagode se unem...

A discussão continua...

O pagode suingado, também conhecido como samba mauricinho, por causa da opção dos músicos pelos símbolos de status da classe alta,é um grande sucesso, com músicas de refrões fáceis e romantismo, com predominância de instrumentos eletrônicos e coreografias que contagiam a galera.

Mas o chamado samba de raiz, do começo do fenômeno pagode, viveu alguns bons momentos na segunda metade dos anos 90, com Zeca Pagodinho (que estourou músicas como Samba Pras Moças e Faixa Amarela), Martinho da Vila, Beth Carvalho e Bezerra da Silva, então convertido em culto entre as bandas de rock, que regravaram de Malandragem Dá um Tempo (Barão Vermelho e Planet Hemp) e Candidato Caô Caô (O Rappa). A tradição do samba foi resguardada com a descoberta de Walter Alfaiate, Wilson das Neves e das Velhas Guardas da Mangueira e da Portela (esta com disco produzido pela cantora Marisa Monte). Novos nomes do velho samba também apareceram: Dudu Nobre (cavaquinista da banda de Zeca Pagodinho, para quem compôs o sucesso Posso Até Me Apaixonar), Marquinhos de Oswaldo Cruz, Marquinho China e Renatinho da Abolição.

Pagode X Samba

Janaína Laurindo
Essa é uma questão que não que calar, samba e pagode são iguais?

As jornalistas Graziela Storto, Amanda Miranda e a publicitária Eliza Mattos explicam um pouco disso no texto abaixo, que foi publicado no blog delas : BATUCADA

""""""""""Um blog sobre samba e pagode. Talvez o primeiro passo seja distinguir (ou aproximar) uma coisa da outra... Explico:


Bom, a primeira explicação importante é que nem todos consideram o pagode um gênero musical, apesar de tão difundido como tal na sabedoria popular. Em seu significado inicial, o pagode nada mais era do que um encontro, geralmente nos morros e subúrbios cariocas, para ouvir e tocar música – principalmente o samba –, comer e beber.

Vicente Marinheiro, escolado sambista carioca radicado em Florianópolis (e mais especificamente na Coloninha) definiu:

"Pagode é muito fácil. Tem que ter os partideiros... Porque geralmente no pagode sai uma roda de partido alto. Mas também outros sambas. E também pode chegar um cara lá que não sabe cantar e canta um bolero, outra coisa. Esse é o verdadeiro pagode."

(Ah, mais tarde falaremos mais sobre o Vicente.... Por enquanto o assunto é outro!)

Mas voltemos... Acredito, no entanto, que não se pode ignorar a sabedoria popular e, por isso, não dá pra dizer, hoje em dia, que pagode não é um ritmo. E no que ele diverge do samba?

O pagode surgiu como gênero musical nas quadras do Cacique de Ramos, no Rio de Janeiro da década de 70, em festas espontâneas de sambistas. Entre os primeiro pagodeiros de mais destaque estão o grupo Fundo de Quintal, Jovelina Pérola Negra, Jorge Aragão, Martinho da Vila e Beth Carvalho, entre outros.

Com andamento mais ligeiro e agressivo do que o samba, a música também ganhou novos instrumentos, como o repique de mão (criado pelo músico Ubirany, do Fundo de Quintal), o tantã (criado por Sereno, também do Fundo) e o banjo com braço de cavaco (criado por Almir Guineto, idem) – acrescentados ao cavaco tradicional, a cuíca, o pandeiro, o tamborim, o ganzá (chocalho) e outros instrumentos de percussão utilizados por sambistas, como prato-e-faca e o agogô, tocados de forma mais cadenciada. .

Com o passar do tempo, o gênero também “aceitou” instrumentos como o teclado, o que acabou o afastando ainda mais do samba tradicional – que tem ascendente nas senzalas da Bahia e foi fundado em festas de negros nas casas de “tias” baianas ao redor da Praça Onze, no Rio (assunto para um post futuro).

A maior “briga” do samba com o pagode é resultado dessa introdução e da comercialização do pagode, que emprestou uma predominância romântica/melosa aos temas cantados.

Mas estamos aqui para unir, e não afastar! Não importam preferências pessoais (eu tenho a minha...), a verdade é que ambos os gêneros têm, no fundo, a mesma origem. O que também no fundo não importa tanto, já que a abrangência desses ritmos já quebrou todas as barreiras sociais e étnicas, unindo pessoas de “origens” diferentes nos mesmos locais, casas e clubes – que, é claro, serão mostrados e falados aqui no blog em textos, fotos, vídeos e outros recursos. Bem vindos!"""""""""""

Elas falam pagode-ParteII


O grupo que surgiu de uma brincadeira entre amigas tomou proporções que nem as próprias garotas esperavam. O pagode do Entre Elas hoje é referência em Santa Catarina. Junto com os agentes de comunicação do Aroeira fui conferir o som das meninas, e em entrevista revelaram como tudo começou.

Conta pra gente um pouco da história do grupo?
- Nós todas nos conhecemos na faculdade. Algumas são amigas das amigas, que foram se juntando ao grupo. Começamos a tocar por brincadeira nos churrascos de amigos. Um dia nós fomos tocar no bar que o tio de uma das meninas tinha na Lagoa da Conceição e todo mundo gostou. A partir daí a coisa foi crescendo e nós tivemos de arranjar empresário e equipe de produção. Quando vimos estávamos tocando profissionalmente.

Porque um grupo só de mulheres?
- Nós também queremos saber. Brincou a vocalista Gih. Não foi essa a nossa intenção, simplesmente aconteceu, mas hoje fazemos questão de manter esse diferencial. Estamos há algum tempo procurando uma tecladista. Já deram a idéia de colocar um homem vestido de preto bem atrás que ninguém ia perceber. Mas só aceitamos se for mulher.

Quais as maiores dificuldades que vocês enfrentaram, ou enfrentam?
- O preconceito. Ainda rola muito porque somos só mulheres. Aqui em Florianópolis é onde menos fazemos shows, dois ou três por mês, no máximo. A gente se apresenta, e somos muito bem recebidas, nas outras cidades. Tocamos nas principais capitais do estado. Fazemos de 15 a 20 shows por mês.

Algumas de vocês ainda trabalham fora. Como fazem pra conciliar as duas profissões?
- Algumas já largaram o emprego porque fica muito difícil. Ás vezes chegamos as sete da manhã, tomamos banho e vamos direto pro trabalho. Não dá pra viver da música, mas tivemos de fazer a escolha, até por uma questão de saúde.

Na internet existem alguns comentários de que vocês tocam mal. Como lidam com as críticas?
- Sabemos que não agradamos a todo mundo, mas temos as críticas como um estímulo para melhorar o trabalho. Acho que quem fala essas coisas é porque tem medo da concorrência com a gente.

E como fica o coração nessas horas? Rola muito ciúme pelo fato de vocês estarem sempre viajando ou por trabalharem a noite?
- Só fica com a gente quem entende o nosso trabalho. Mas sempre tem alguém que reclama, até porque eles só têm o fim de semana pra ficar com a gente, e nós estamos sempre trabalhando.
A gente já combinou de engravidar todas juntas pra parar de tocar e voltarmos todas na mesma hora.

Como nasceu o ritmo

No século XIX o pagode suge como uma celebração do samba e no século XX se consagrou no Rio de Janeiro e se espalhou para todo o estado, em Santa Catarina não foi diferente.

O estilo é originàrio das senzelas, na época da escravidão e durante muito tempo foi considerado música exclusiva das favelas e da população pobre. Hoje em dia o ritmo contagia todas as classes, idades e sexos.