
Essa é uma questão que não que calar, samba e pagode são iguais?
As jornalistas Graziela Storto, Amanda Miranda e a publicitária Eliza Mattos explicam um pouco disso no texto abaixo, que foi publicado no blog delas :
BATUCADA""""""""""Um blog sobre samba e pagode. Talvez o primeiro passo seja distinguir (ou aproximar) uma coisa da outra... Explico:
Bom, a primeira explicação importante é que nem todos consideram o pagode um gênero musical, apesar de tão difundido como tal na sabedoria popular. Em seu significado inicial, o pagode nada mais era do que um encontro, geralmente nos morros e subúrbios cariocas, para ouvir e tocar música – principalmente o samba –, comer e beber.
Vicente Marinheiro, escolado sambista carioca radicado em Florianópolis (e mais especificamente na Coloninha) definiu:
"Pagode é muito fácil. Tem que ter os partideiros... Porque geralmente no pagode sai uma roda de partido alto. Mas também outros sambas. E também pode chegar um cara lá que não sabe cantar e canta um bolero, outra coisa. Esse é o verdadeiro pagode."
(Ah, mais tarde falaremos mais sobre o Vicente.... Por enquanto o assunto é outro!)
Mas voltemos... Acredito, no entanto, que não se pode ignorar a sabedoria popular e, por isso, não dá pra dizer, hoje em dia, que pagode não é um ritmo. E no que ele diverge do samba?
O pagode surgiu como gênero musical nas quadras do Cacique de Ramos, no Rio de Janeiro da década de 70, em festas espontâneas de sambistas. Entre os primeiro pagodeiros de mais destaque estão o grupo Fundo de Quintal, Jovelina Pérola Negra, Jorge Aragão, Martinho da Vila e Beth Carvalho, entre outros.
Com andamento mais ligeiro e agressivo do que o samba, a música também ganhou novos instrumentos, como o repique de mão (criado pelo músico Ubirany, do Fundo de Quintal), o tantã (criado por Sereno, também do Fundo) e o banjo com braço de cavaco (criado por Almir Guineto, idem) – acrescentados ao cavaco tradicional, a cuíca, o pandeiro, o tamborim, o ganzá (chocalho) e outros instrumentos de percussão utilizados por sambistas, como prato-e-faca e o agogô, tocados de forma mais cadenciada. .
Com o passar do tempo, o gênero também “aceitou” instrumentos como o teclado, o que acabou o afastando ainda mais do samba tradicional – que tem ascendente nas senzalas da Bahia e foi fundado em festas de negros nas casas de “tias” baianas ao redor da Praça Onze, no Rio (assunto para um post futuro).
A maior “briga” do samba com o pagode é resultado dessa introdução e da comercialização do pagode, que emprestou uma predominância romântica/melosa aos temas cantados.
Mas estamos aqui para unir, e não afastar! Não importam preferências pessoais (eu tenho a minha...), a verdade é que ambos os gêneros têm, no fundo, a mesma origem. O que também no fundo não importa tanto, já que a abrangência desses ritmos já quebrou todas as barreiras sociais e étnicas, unindo pessoas de “origens” diferentes nos mesmos locais, casas e clubes – que, é claro, serão mostrados e falados aqui no blog em textos, fotos, vídeos e outros recursos. Bem vindos!"""""""""""